México ultraapassará a marca de 100 milhões de conexões de banda larga móvel até 2020

De acordo com a GSMA, espera-se forte crescimento no mercado móvel mexicano nos próximos cinco anos, desde que sejam enfrentados os desafios regulatórios que inibem os investimentos das operadoras móveis

A banda larga móvel deve passar por um forte crescimento no México, atingindo 100 milhões de conexões até 2020, devido aos investimentos em implantação de redes móveis 3G e 4G e à crescente adoção dos smartphones. Essa afirmação foi feita por Sebastián Cabello, diretor da GSMA para a América Latina, no início do Congresso Latinoamericano de Telecomunicações 2015 (CLT 2015), que reúne os principais representantes do setor público, do setor privado e da academia para discutir os desafios de políticas públicas do ecossistema digital da região.

De acordo com informações da GSMA Intelligence – a mais extensa base de dados sobre o mercado móvel global –, no primeiro trimestre de 2015 o México já contava com 50 milhões de conexões de banda larga móvel. Espera-se que o ecossistema móvel mexicano apresente crescimento de 100% ao longo dos próximos cinco anos, impulsionado pela banda larga móvel que deve chegar a 100 milhões de conexões até 2020.

O mercado móvel do México é o segundo mais importante da América Latina: possui mais de 46 milhões de assinantes móveis únicos e mais de 104 milhões de conexões móveis totais (incluindo as conexões celulares M2M ou máquina a máquina). No prazo de cinco anos, estima-se que as redes 4G/LTE cubram 85% da população mexicana, contra os 30% cobertos no início de 2015.

Junto com a expansão da cobertura 3G/4G, a migração para redes de banda larga móvel de maior velocidade também está sendo impulsionada pela crescente adoção de smartphones. No México, os smartphones representam atualmente 24% das conexões móveis e calcula-se que devam crescer até representar 63% das ligações móveis ao final de 2020.

As conexões celulares M2M (máquina a máquina) ultrapassaram a marca de 2 milhões no México e 17 milhões na América Latina no primeiro trimestre de 2015, representando apenas 2,4% do total de conexões móveis. Este número está abaixo da média mundial de 3,5%, mas projeta-se um crescimento de 20 a 25% ao ano nos próximos cinco anos, chegando a 60 milhões de conexões celulares M2M até 2020 na região. Segundo Cabello, “o crescimento futuro do ecossistema móvel virá por meio da Internet das Coisas e das conexões M2M, uma tecnologia que já está melhorando a qualidade de vida das pessoas através de soluções inovadoras em transporte, segurança, saúde e serviços públicos.”

A contribuição dos dispositivos móveis aos desafios da segurança Durante a sessão plenária do CLT 2015, a GSMA coordenou um painel sobre as questões de segurança que afetam os latinoamericanos e, em particular, os mexicanos. Foram destacadas diversas ferramentas oferecidas pela indústria atualmente para capacitar e proteger os usuários contra roubo de celulares, abuso infantil, extorsão e desastres. Além disso, foi apresentada a situação do debate quanto a questões de privacidade, intervenção legal das comunicações, geolocalização e requisições de informações por parte dos governos.

Isto é especialmente importante, visto que o Instituto Federal de Telecomunicações (IFT) está para regulamentar as Diretrizes de Colaboração em Segurança e Justiça adotadas na Reforma das Telecomunicações. O relacionamento das operadoras móveis com o governo vive um grande momento, após o lançamento da campanha “Nos Importa México”, em fevereiro.

Com o apoio do IFT, foi implantado o Sistema de Verificação de Dispositivos Roubados da GSMA , por meio do qual os usuários podem verificar em tempo real se um dispositivo móvel foi dado como roubado. Desde o início do serviço, foram registradas mais de 63 mil consultas, o que demonstra a utilidade da ferramenta, que deve contribuir para reduzir o problema.

Desafios regulatórios para investimentos em redes móveis no México Para tornar realidade estas previsões positivas de crescimento no país, são necessárias políticas públicas que incentivem os investimentos e a concorrência, com atenção aos seguintes desafios:

  • Cronograma de reserva de espectro: a disponibilidade de espectro de forma harmonizada e padronizada em nível regional é essencial para a indústria móvel. Desde que o país possa garantir a previsibilidade com relação à disponibilidade e alocação de faixas de espectro futuras, os players do setor poderão planejar efetivamente a alocação de recursos para investir e expandir sua oferta de serviços .
  • Implantação de infraestrutura e impostos específicos: é fundamental dar continuidade ao trabalho em conjunto para reduzir as barreiras municipais que impõem obstáculos à instalação de antenas, visando a aplicação de um procedimento uniforme no âmbito nacional a fim de evitar bloqueios arbitrários à implantação de redes. Da mesma forma, é necessário avaliar a remoção de impostos específicos às telecomunicações, tais como o IEPS, que afetam o uso das telecomunicações pelos segmentos de população de renda mais baixa.
  • Condições equitativas para os serviços competitivos: Em muitos casos, os serviços de internet (OTT) operam como concorrentes diretos ou substitutos para os serviços tradicionais de voz e SMS, mas escapam dos regulamentos e impostos nacionais. Por essa razão, é necessário começar a avaliar a posição competitiva de serviços semelhantes, visando eliminar assimetrias regulatórias e aplicando as mesmas regras aos mesmos serviços, independentemente da tecnologia utilizada ou da origem geográfica de seu provedor.
  • Equilíbrio entre privacidade e segurança: para alcançar um crescimento digital sustentável, é necessário dar especial atenção às ameaças à privacidade e à segurança dos usuários observadas atualmente. Existe um equilíbrio tênue entre a necessidade de intervenção de chamadas e/ou a necessidade de conhecer a localização geográfica do usuário por parte das autoridades de segurança, e os direitos constitucionais de privacidade dos usuários. Estes incluem o direito à proteção das pessoas, suas famílias, documentos e bens assim como à confidencialidade de suas comunicações.

“A implantação intensiva de novas redes de quarta geração e a crescente adoção dos smartphones estão democratizando o acesso à internet em todo o México e na América Latina. O diálogo público-privado deve ser aberto, visando incentivar os investimentos, promover a concorrência no setor e proteger os usuários móveis”, assegurou o diretor da GSMA para a América Latina, na abertura do CLT 2015.

Entre 13 e 16 de julho, em Cancún, no México, realiza-se a terceira edição do Congresso Latinoamericano de Telecomunicações 2015, organizado pela GSMA, o CAF – Banco de Desenvolvimento da América Latina, ASIET (Associação Interamericana de Empresas de Telecomunicações) e a Secretaria de Comunicações e Transportes (SCT) do México. Trata-se do encontro de telecomunicações mais relevante da América Latina, que reúne autoridades, executivos e representantes de primeiro nível, incluindo representantes dos ministérios do setor, organizações reguladoras, congressistas, operadoras de telecomunicações, fornecedores de equipamentos e serviços, consultores e acadêmicos.