Novo relatório da GSMA e Universidade das Nações Unidas revela impacto do lixo eletrônico na América Latina

tapa ewaste 2015 web 1Em 2014, a América Latina produziu 9 % do lixo eletrônico[1] (e-waste) do mundo, o equivalente a 3,9 mil kilo toneladas[2] (kt), de acordo com um novo relatório da GSMA e do Instituto para Estudos Avançados de Sustentabilidade da Universidade das Nações Unidas (UNU-IAS). O estudo “E-waste na América Latina: Análise Estatística e Recomendações de Políticas Públicas”, aponta que, ao longo dos próximos quatro anos, o lixo eletrônico gerado pela população da região vai crescer entre 5 e 7% ao ano, com quase 4,8 mil kt previstos até 2018.

O relatório foi encomendado para identificar os principais desafios relacionados com a gestão do lixo eletrônico na América Latina, com especial atenção para as oportunidades associadas à coleta e reciclagem de celulares. A média total de resíduos eletrônicos gerados em 2014 na América Latina foi calculada em 6,6 kg por pessoa, dos quais 29 g representa lixo eletrônico de celulares por pessoa na região, ou aproximadamente 0,3 celulares descartados por pessoa por ano.
Outras conclusões do relatório:

  • A quantidade de lixo eletrônico está crescendo em todo o mundo, atingindo mais de 40 mil kt de produtos eletrônicos descartados em 2014;
  • Para celulares, em particular, cerca de 189 kt foram descartados em todo o mundo, dos quais cerca de 17 kt eram da América Latina;
  • Globalmente, o lixo eletrônico gerado a partir de telefones celulares representa menos de 0,5 % do peso total do lixo eletrônico do mundo, que é a mesma proporção da América Latina; e
  • Apenas um pequeno número de países da América Latina tem leis específicas sobre o lixo eletrônico: a maioria está atualmente desenvolvendo legislação, mas as infraestruturas adequadas de reciclagem também devem ser desenvolvidas em paralelo.

Dentro da América Latina, a maior parte do lixo eletrônico é gerada no Brasil e no México, que produziram, respectivamente, 1,4 mil kt e 1 mil kt de lixo eletrônico durante 2014 devido a suas grandes populações, seguidos por Argentina (292 kt), Colômbia (252 kt), Venezuela (233 kt), Chile (176 kt) e Peru (147 kt).

infografia ewaste spa web“Mais e mais pessoas estão baseando suas vidas diárias em dispositivos eletrônicos, especialmente telefones celulares”, disse Sebastian Cabello, diretor da GSMA para América Latina. “Isto não está acontecendo apenas nos países desenvolvidos, mas também nos mercados emergentes e economias em crescimento. Embora os dispositivos móveis só contribuam com uma percentagem menor do lixo eletrônico total na América Latina, nós encorajamos as operadoras na região a prosseguirem com seus esforços voluntários para gerenciar[3] o lixo eletrônico, e também para trabalhar em estreita colaboração com os reguladores no desenvolvimento de um quadro legislativo que leve em conta a responsabilidade dos vários players da indústria.”

“No passado, as estimativas de e-waste foram baseadas principalmente em uma correlação simples com o produto interno bruto de um país. Para este relatório, os dados atuais foram obtidos usando a abordagem de vida útil de vendas, o que é consistente com as definições de estatísticas de lixo eletrônico internacionalmente aceitas, e com as quais trabalhamos em anos anteriores com muitas outras agências internacionais e da ONU”, disse o Prof . Jacob Rhyner, vice-reitor da UNU. “Esperamos que os insights deste relatório levantem um debate mais aprofundado sobre o desenvolvimento de políticas públicas, tendo em conta a perspectiva da indústria e outras partes interessadas.”

O relatório recomenda um conjunto de princípios para orientar o desenvolvimento de políticas públicas para lixo eletrônico na América Latina:

  • Criar campanhas de sensibilização dirigidas por meio das entidades públicas, com o apoio de fabricantes, prestadores de serviços, varejistas e conselhos locais, a fim de educar os consumidores sobre o seu papel fundamental na cadeia de reciclagem;
  • Garantir o acesso confiável a matérias-primas para permitir o acesso futuro a metais essenciais e eficácia por meio da cadeia de reciclagem;
  • Organizar a coleta seletiva de telefones celulares como o primeiro passo, fundamental na cadeia de reciclagem. No entanto, os benefícios sociais da reciclagem do lixo eletrônico (celular especialmente) só podem ser alcançados se todo o lixo eletrônico coletado for canalizado para as melhores opções de tratamento;
  • Viabilizar eficiência no processo de recuperação e em todas as etapas da cadeia de reciclagem, o que é particularmente importante para metais amplamente usados em equipamentos eletrônicos modernos;;
  • Fomentar a criação de infraestrutura de gestão de lixo eletrônico e reciclagem e instalações de processamento que possam permitir novas oportunidades empresariais no setor de gestão de lixo e gerar novas oportunidades de emprego, especialmente nas economias em crescimento; E
  • Reconhecer o princípio da responsabilidade estendida do produtor (EPR), por meio de um processo coordenado com fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes e empresas de gestão de lixo eletrônico, com base em modelos ambientais e economicamente sustentáveis.

O relatório convoca os formuladores de políticas públicas para introduzir uma legislação que apoie os esforços de reciclagem de todos os intervenientes na cadeia do lixo eletrônico, incluindo os consumidores e a sociedade civil. Ele também incentiva a discussão coordenada com todas as partes interessadas de toda a cadeia de reciclagem, envolvendo fabricantes, importadores, distribuidores e coleta de lixo eletrônico e empresas de reciclagem.

Para acessar o relatório, visite: www.gsma.com/latinamerica/ewaste2015.

-FIM-

Nota aos Editores

[1] Neste documento, “e-waste” (ou lixo eletrônico) é usado como um termo geral para incluir todos os aparelhos descartados: tanto os resíduos e equipamentos eletrônicos descartados com potencial de reutilização. A distinção entre os equipamentos destinados à eliminação ou reciclagem e equipamentos destinados à reutilização é importante, especialmente com relação à exportação, e esta é uma questão de debate em curso entre as partes na Convenção de Basileia.

[2] 1 kilo tonelada = 1,000 toneladas

[3] Para saber mais sobre iniciativas voluntárias por parte das operadoras móveis da América Latina para promover a gestão do lixo eletrônico, por favor, visite: www.gsma.com/latinamerica/gsma-report-highlights-latin-american-operators-contributions-in-reducing-electronic-waste.