O espectro em faixas médias é um componente vital para o 5G. As discussões sobre a faixa de 6 GHz precisam maximizar o valor das novas tecnologias e equilibrar diferentes usos: essa é uma faixa prioritária para as operadoras móveis.
Em meio a um período de grandes mudanças em razão da atual pandemia, a extrema relevância da conectividade está mais clara do que nunca. Embora as prioridades tenham mudado em todo o mundo, a importância de conectar nossas casas e empresas foi destacada como parte do trabalho no combate ao COVID-19.
Estatísticas sobre conectividade durante o isolamento social estão disponíveis por toda a internet, incluindo dados sobre o aumento da demanda suportado pela rede móvel celular ou pelo Wi-Fi, que dependem da região e do país analisados. O tráfego móvel em regiões comerciais naturalmente caiu, enquanto o seu aumento foi notado em áreas residenciais, mesmo em países com alta presença de fibra-ótica.
Esta análise está acontecendo no momento em que governos começam a pensar no uso futuro da faixa de 6 GHz (5925-7125 MHz). Compreender o equilíbrio entre 5G licenciado e Wi-Fi/5G NR-U (5G não-licenciado) é uma grande parte desse processo. Até agora, os planos se dividiram em diferentes grupos: a China apoia o uso desse espectro para o 5G licenciado, enquanto os EUA seguiram na direção oposta. A Europa, considerando o uso atual da faixa para backhaul, limitou o uso não-licenciado aos 500 MHz inferiores. Essa divisão em 6425 MHz está sendo considerada por outros países e é também a forma que a CRM-23 divide a faixa, considerando 6425-7125 MHz na Região 1 para o IMT.
As Regiões 2 e 3 discutirão apenas 100 MHz da faixa na CMR-23, mas, por ser de alta prioridade para o 5G, o interesse nessa faixa é claro na GSMA. Nossos membros das três Regiões da UIT participaram de uma pesquisa e 90% das respostas das operadoras consideraram a faixa de 6425-7125 MHz como de alta prioridade para o IMT, seja em uma nova identificação na CRM-23 ou por meio da atribuição global para o serviço móvel já existente. As operadoras acreditam que podem ser competitivas pelo bem do usuário e a análise de custo associado de 5G NR corrobora com este raciocínio.
6 GHz para 5G licenciado
O tema que envolve 6 GHz para 5G licenciado não é apenas sobre o equilíbrio entre modelos de conectividade. É, também, sobre como prever o futuro do uso do espectro. Os países que permitirem o uso não-licenciado em 6 GHz terão dificuldade em reverter a decisão, já que o número de dispositivos cresce, sem barreiras geográficas, em todos os territórios. Em alguns países – e certamente na Europa – as oportunidades de expansão do 5G não existem em outras porções de espectro. Com a faixa de 3,5 GHz destinada às operadoras ou verticais e a porção de 4,8-4,99 GHz ainda vista como improvável nos países da OTAN, 6 GHz é a única expansão de faixas médias disponível. Sem dúvidas, chegará o dia em que os avanços na eficiência espectral ultrapassarão o crescimento da demanda, mas em 2020, ainda é prematuro dizer que isso está acontecendo na atualidade.
Em alguns países, a parte inferior da faixa, ou seja, 5925-6425 MHz, pode se tornar disponível para tecnologias como 5G NR-U e Wi-Fi. No entanto, o alcance da fibra-ótica é o que determina onde e o quanto o Wi-Fi é utilizado. Os países estão analisando a situação atual para decidir sobre o melhor caminho a seguir, analisando o quanto as faixas 2,4 GHz e 5 GHz estão realmente sendo utilizadas para o Wi-Fi, assim como o espectro em torno de 60 GHz, incluindo a faixa 66-71 GHz. Estão, portanto, considerando se espectro adicional para Wi-Fi beneficiará ambientes sem fibra-ótica e analisando a necessidade de FWA 5G licenciado, além de serviços móveis para atender à demanda fora das regiões cobertas por fibra-ótica. O Wi-Fi 5 já pode atingir velocidades acima de 6 Gbps, mas, devido à dependência do Wi-Fi em infraestrutura fixa, o gargalo provavelmente ocorre na disponibilidade de backhaul.
Backhaul também é importante
É importante conversar sobre backhaul de outras formas ao considerar como maximizar o uso da faixa de 6 GHz. Essa é uma faixa importante para links fixos usados pelas operadoras móveis – a frequência mais baixa amplamente utilizada para backhaul e, portanto, uma das mais financeiramente acessíveis. Onde há menos disponibilidade de fibra-ótica, as estações radiobase móveis precisam de mais espectro para backhaul e o relacionamento entre os links fixos existentes e a nova conectividade de acesso precisará ser gerenciado. Onde esta faixa é utilizada para o 5G licenciado, a operadora gerenciará o acesso e o uso de backhaul. Por outro lado, serão necessárias atividades de fiscalização para monitorar o uso não-licenciado em faixas em uso para backhaul.
Na GSMA, à medida em que a demanda cresce durante a presente década, vislumbramos ver a faixa de 6 GHz disponível para 5G e o planejamento para esse resultado não tem qualquer desvantagem. Mesmo em países onde mais espectro para Wi-Fi se faz necessário na faixa inferior, o planejamento para 5G licenciado na parte superior ainda pode prosseguir. Manter as opções abertas e reconhecer o papel que diferentes tecnologias desempenharão na conectividade futura garante o equilíbrio necessário.
Este é o começo de um debate global de três anos sobre 6 GHz e, na GSMA, esperamos garantir que o 5G licenciado e não-licenciado desempenhem um papel essencial na ampliação da conectividade dos cidadãos por meio deste importante espectro de banda média.
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