Quando mulheres prosperam, sociedades, negócios e economias prosperam.

Mats Granryd
Diretor Geral,
GSMA

O celular tem o poder de transformar vidas. Na minha função de diretor geral da GSMA, tenho visto em primeira mão como a mobilidade pode empoderar as mulheres, para que se sintam mais seguras e conectadas e dando a elas acesso a informações e oportunidades de melhoria de vida, frequentemente, pela primeira vez.

No ano passado, eu tive a oportunidade de visitar um centro de saúde na Tanzânia e falar com as gestantes, que me contaram como um serviço móvel chamado Wazazi Nipenden lhes dava informações vitais sobre saúde durante e após a gravidez. Por exemplo, uma futura mãe disse que se sente mais confiante agora que sabe o que esperar durante a gravidez e que pode ter certeza de que, se houver alguma complicação, ela sabe o que fazer para manter a si mesma e ao bebê em segurança.

Eu também me encontrei com novas mães que puderam instantaneamente registrar o nascimento de seus bebês usando um serviço móvel da Tigo. Esse é um avanço muito importante, já que proporciona à criança uma identidade – e com isso, acesso à educação, serviços governamentais e a um futuro mais seguro. Isso é muito importante e realmente mostra como o celular está conectando todos e tudo para um futuro melhor.

A questão é que, enquanto a conectividade móvel está se espalhando rapidamente, não está se espalhando igualmente. O relatório Mobile Gender Gap Report 2018 da GSMA constatou que mais de 1,2 bilhão de mulheres em países de baixa e média renda não usam internet móvel, e estima que as mulheres são, em média, 10% menos propensas que os homens a possuir telefones celulares e 26% menos propensas a usar internet móvel do que os homens. A exclusão de gênero móvel é também mais ampla em certas partes do mundo. O sul da Ásia tem a maior diferença média entre os gêneros, tanto na propriedade móvel quanto no uso da internet móvel, seguida pela África Subsaariana. Na Tanzânia, por exemplo, as mulheres são 41% menos propensas a usar os serviços de internet móvel.

É imperativo que enfrentemos esse desafio de frente e asseguremos que as mulheres não sejam deixadas para trás. O celular é a principal maneira de acessar a internet em todo o mundo em desenvolvimento, e serviços como dinheiro móvel podem empoderar mulheres, aumentar sua independência financeira e fortalecer seu papel como tomadoras de decisões financeiras. Abordar essa exclusão de gênero pode gerar benefícios substanciais para as mulheres, bem como para a indústria móvel e a economia mais ampla.

Infelizmente, a exclusão de gênero não vai acabar sozinha. Suas principais causas são impulsionadas por um conjunto complexo de fatores sociais, econômicos e culturais, que fazem com que as mulheres enfrentem mais barreiras que os homens à propriedade móvel e ao uso intensivo do celular. Para acabar com a exclusão de gênero, precisamos abordar essas questões e nos concentrar em garantir que os telefones celulares e os serviços sejam acessíveis, confiáveis, seguros e relevantes para as mulheres –  e que elas se sintam empoderadas para ter as habilidades e confiança para usá-los.

A minha visão é que a indústria móvel impulsione a inclusão digital e financeira das mulheres, adotando uma aproximação holística no combate a essas barreiras. Sou um defensor do programa Mulheres Conectadas da GSMA, criado para ajudar a indústria móvel a reduzir a desigualdade entre os gêneros e liberar oportunidades comerciais e socioeconômicas significativas. Por meio da Connected Women Commitment Initiative, 36 operadoras móveis fizeram 51 compromissos formais para reduzir a exclusão de gênero em sua base de clientes de dinheiro móvel e/ou de internet móvel na África, Ásia e América Latina. E, até o momento, o programa Mulheres Conectadas e seus parceiros de operadoras móveis proporcionaram serviços de melhoria de vida para mais de 22 milhões de mulheres, como o fornecimento de informações, serviços financeiros e oportunidades de emprego.

Além desse programa, estamos cumprindo os compromissos assumidos pelos membros do Grupo de Trabalho da Comissão de Banda Larga Sobre a Exclusão de Gênero Digital e liderando a Coalizão de Acesso na EQUALS, a parceira global para acabar com a desigualdade digital de gênero, co-fundada pela União Internacional de Telecomunicações, UN Women, GSMA, International Trade Centre e pela Universidade das Nações Unidas. Ademais, a GSMA está orgulhosa de servir como Topic Chair do tema Inclusão Digital dentro do grupo W20 (Women 20).

Em julho, no Mobile 360 – África, realizado em Ruanda, a GSMA reuniu vários stakeholders em Kigali para discutir a revolução digital. E se discutiu sobre o que pode e está sendo feito para acelerar a inclusão digital e financeira das mulheres. Esperamos que esse evento inspire outros stakeholders a participar da conversa e tomar medidas para garantir que as mulheres sejam uma parte integral do futuro digital.

À medida que as tecnologias móveis e digitais proliferam, é importante que a indústria móvel, os formuladores de políticas e a comunidade de desenvolvimento continuem a agir. Como líder da Equipe B, estou comprometido em unir os setores público e privado para alavancar a tecnologia e acelerar a mudança a fim de atacar alguns dos maiores problemas enfrentados pelo mundo atualmente –  e isso inclui corrigir a exclusão  digital de gênero.

Acabar com a exclusão de gênero móvel representa uma oportunidade comercial substancial para a indústria e pode ser um catalisador efetivo para o crescimento econômico. A eliminação bem-sucedida da exclusão de gênero móvel também trará benefícios para as mulheres, suas famílias e suas comunidades e vai contribuir para a realização dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas. Quando as mulheres prosperam, sociedades, negócios e economias prosperam.