Sebastian Cabello, Diretor da GSMA América Latina
A demanda por dados móveis na América Latina tem crescido tão rápido que estamos enfrentando uma escassez de espectro em toda a região. O uso de dados móveis está explodindo. De acordo com a Cisco, o tráfego de dados móveis crescerá a uma taxa de 59 por cento na região entre 2014 e 2019. GSMA Intelligence prevê que haverá 956 milhões de conexões móveis na América Latina em 2020, sendo 80 por cento 3G e 4G.
Sem um aumento na quantidade de espectro atribuído para o serviço móvel, as redes não terão capacidade de atender a crescente demanda de uso de dados por consumidores e empresas. Taz escassez iria colocar a florescente economia móvel da América Latina em risco e todos os postos de trabalho, inovação e prosperidade que vêm com ele. De acordo com o Relatório de Economia Móvel da GSMA, publicado em 2014, a contribuição econômica da indústria de telefonia móvel da América Latina deve continue a aumentar a um ritmo mais rápido do que o resto da economia, atingindo 4,5 por cento do PIB em 2020.
Na Conferência Mundial de Radiocomunicações (CMR-15) da União Internacional de Telecomunicações (UIT), a ser realizada em novembro de 2015, os países da América Latina têm uma oportunidade única para ajudar a garantir o futuro da banda larga móvel na região. Para alcançar este objetivo, a GSMA pede que os governos e agências reguladoras apoiem atribuição primária ao serviço móvel na faixa abaixo de 700MHz.
A faixa abaixo de 700MHz é atribuída para a radiodifusão em caráter primário na América Latina e é fundamental para a transição TV digital que está ocorrendo em toda a região. No entanto, a faixa não é totalmente utilizada para esse fim em vários países, o que significa que parte pode ser liberada para o serviço móvel sem impactar serviços de radiodifusão.
Atribuição primária ao serviço móvel dará a cada país a flexibilidade para fazer sua própria escolha sobre como usar o espectro no futuro para permitir que os consumidores acessem o conteúdo da maneira que preferirem. Se o uso de dados móveis continuar a crescer como previsto, os governos terão a opção de realocação de mais espectro para o celular, se necessário.
Há razões socioeconômicas convincentes. A faixa sub-700MHz cobre 20 por cento a mais do que 700MHz, tornando-a ideal para o aumento da cobertura dos serviços móveis de banda larga, especialmente nas áreas rurais. E um estudo recente indica que a utilização da faixa 470-698MHz para os serviços de banda larga móvel na América Latina poderia contribuir ao PIB de até US$ 49 bilhões e criar mais de 47.000 novos postos de trabalho.
A próxima reunião da CITEL (Comissão Interamericana de Telecomunicações) em preparação para a CMR-15 será realizada em Ottawa, Canadá, 17-21 agosto. É fundamental que todos os países da região utilizem esta plataforma para chegar a uma posição comum na CMR-15 para garantir a atribuição primária ao serviço móvel na faixa abaixo de 700MHz.