Atribuição mais rápida de faixa é necessária para apoiar o crescimento de LTE na América Latina

Harmonização regional do 4G-LTE depende de espectro AWS – serviços wireless avançados

Uma pesquisa que realizamos constatou que menos da metade dos países da América Latina (excluindo o Caribe) recebeu espectro suplementar para lançar o 4G-LTE. Essa tendência mostra a necessidade de capacidade suplementar de espectro na região, a fim de permitir aos operadores lançar serviços de LTE. E explica, em parte, porque a América Latina está atrasada em relação ao resto do mundo em implantações LTE.

Mais importante do que isso, enquanto o LTE pode ser implantado em uma série de faixas de frequência na região, há um consenso claro para atribuição da faixa de AWS (1700-2100 MHz), da faixa de 700 MHz (APT700) e da faixa de extensão de 2,5 GHz- (2500-2600 MHz) para conseguir harmonizar o espectro LTE regional.

% of countries and operators in Latin America for addition LTE spectrum and launched services

Necessidade adicional de MHz necessários para promover a adoção da banda larga móvel

Ao longo dos últimos dois anos, as conexões de banda larga móvel na América Latina cresceram mais de 100 milhões, e ultrapassaram, no 2º semestre de 2013, a marca de 150 milhões de conexões, devendo chegar a meio bilhão até o final de 2017. Compensando a baixa penetração de banda larga fixa na região, os serviços de banda larga móvel estão sendo amplamente adotados, de modo que prevemos que nos próximos três anos, uma em cada duas conexões na América Latina será em redes de banda larga móvel.

No entanto, enquanto as redes LTE estão sendo rapidamente implantadas em outras regiões do mundo – e começando a tirar participação do 3G em muitos países – as implantações de LTE na América Latina ainda estão exageradamente atrasadas, principalmente devido à distribuição lenta de espectro adicional nas faixas necessárias.

Nos últimos três anos, apenas 41% dos países latino-americanos (excluindo o Caribe) receberam atribuição de frequências adicionais para LTE em uma série de faixas. E até o momento, apenas nove mercados locais testemunharam lançamentos comerciais LTE. As operadoras de telefonia móvel em 13 mercados da região ainda aguardam atribuição adicional de banda larga, indicando que há necessidade de maior capacidade de espectro.

23 operadoras de telefonia móvel lançaram comercialmente redes LTE na América Latina, a grande maioria delas operando em “faixas de capacidade ” (frequências altas, acima de 1 GHz), que vão de 1700 MHz a 2600 MHz.

No entanto, no Brasil, Chile e Colômbia, que representam mais de 40% do total de conexões na América Latina, apenas 425 MHz de espectro na faixa de 2500-2600 MHz foram leiloados desde janeiro de 2010 a oito operadoras. Em junho, a Colômbia leiloou um total de 60 MHz de espectro FDD, na faixa de 2.600 MHz, com dois blocos de 15 +15 MHz atribuídos tanto à Claro (América Móvil) quanto à nova operadora Direct TV.

Além disso, “faixas de cobertura” (frequências mais baixas, abaixo de 1 GHz) ainda não foram atribuídas na região, com exceção de alguns países do Caribe, Bolívia e Equador. Como resultado, a faixa AWS e a faixa de extensão IMT 2,5 GHz são as que têm sido majoritariamente selecionadas para utilização de LTE, entre os países do sul da América Latina – que representam um conjunto de 72% das ligações regionais.

Frequências mais altas geralmente permitem que operadoras de telefonia móvel cubram áreas urbanas e suburbanas, onde o tráfego de dados é denso e é exigida uma expressiva capacidade da rede. Mas as operadoras também precisam de espectro na faixa de 700 MHz para fornecer uma cobertura de boa relação entre custo e benefício, que abranja o interior da cidade e as áreas rurais. As frequências mais baixas requerem menos estações do que as faixas de grande porte para produzir maior cobertura geográfica, e tendem a oferecer melhor custo-benefício.

AWS está criando uma dinâmica até que os 700 MHz sejam amplamente disponíveis

Há uma dinâmica clara em torno da atribuição de AWS (1700-2100 MHz) como alternativa mais viável para muitos países, até que os 700 MHz sejam amplamente disponibilizados.

Um total de 480 MHz de espectro AWS foi atribuído até o momento no Chile, México, Equador, Uruguai, Colômbia, Paraguai e, mais recentemente, no Peru e na Bolívia. Esta faixa de frequência também está nas agendas dos leilões dos órgãos reguladores na Argentina, Venezuela, El Salvador e Honduras.

É importante notar que, enquanto este espectro adicional deverá ser utilizado principalmente para implantações de LTE, um determinado número de operadoras (principalmente no Chile e México) têm usado o espectro AWS para tecnologias 3G. No entanto, a atribuição generalizada do espectro AWS para LTE (que começou com as operadoras canadenses Bell, Rogers, Telus, Wind e Sasktel) mostra um bom progresso, no sentido de alcançar a harmonização do espectro na América Latina, permitindo roaming regional LTE e maior economia de escala aos fabricantes de aparelhos.

Vários operadores norte-americanos também estão gravitando em direção ao espectro AWS, visando aumentar a capacidade de suas redes LTE existentes – incluindo a AT&T, Verizon e T-Mobile/MetroPCS – o que vai ajudar ainda mais o alcance do LTE móvel no continente. Entretanto, é importante notar que a faixa AWS não está sendo usada no Brasil – que representa 39% do total de ligações na América Latina – por seguir o consenso europeu, em torno de 1900 MHz e 2100 MHz.

Espera-se que Investimentos em rede e disponibilidade de equipamentos compatíveis levem os países da região a atribuir o dividendo digital na faixa de 700 MHz. Além das primeiras atribuições de 700 MHz no Equador para a CNT (sob o plano de canalização APT) e na Bolívia para Entel e Tigo (sob plano de canalização americano ), a região parece estar se voltando à harmonização em torno do plano da APT, começando com o Brasil e Chile, no início de 2014. Outros países que se comprometeram com APT700 foram o México, Colômbia, Venezuela, Panamá e Costa Rica, enquanto a Argentina, o Uruguai e o Peru são declaradamente propensos a seguir o mesmo caminho.

A ampla adoção do plano APT700 em toda a América Latina seria de grande valia para garantir economias de escala globais, o que elevaria o custo de aparelhos móveis e de produção de equipamentos de rede, reduzindo o problemas de interferência ao longo das fronteiras e promovendo o roaming internacional. Um estudo realizado pelo Cofetel, órgão regulador mexicano, também mostra que a adoção do plano APT700 proporcionaria expansão mais rápida da cobertura da rede, do que o plano americano. Seguindo esse último, seria necessário um mínimo de 2 anos e meio para implantar uma rede que cobrisse toda a população da Cidade do México, contra apenas 1 ano e meio sob o plano APT700.

% faixas de frequências (MHz) usados em implantações LTE da América Latina a partir de agosto de 2013 (exceto Caribe)
Fonte: GSMA Intelligence

Outras opções de frequência para a LTE na América Latina

Outras faixas também foram designadas para o uso de LTE na região, incluindo-se 450 MHz (só no Brasil para a cobertura rural), 1800 MHz (lançado na República Dominicana e Venezuela), 1900 MHz (no Uruguai, Venezuela e Paraguai), enquanto os 900 MHz e 800 MHz podem ser eleitos para o uso de LTE em futuro próximo.

Isso mostra um cenário de espectro LTE fragmentado na América Latina, com quase dez faixas diferentes precisando ser suportadas por fabricantes de aparelhos e chips. No entanto, a atribuição de faixa em 1700-2100 MHz, 700 MHz e 2500-2600 MHz mostra um caminho claro para alcançar a harmonização do espectro LTE regional.