Os benefícios das faixas médias para o 5G são evidentes em toda a América Latina

Os países que autorizaram grandes quantidades de espectro em faixas médias, especialmente em 3,5 GHz, estão desfrutando das redes 5G mais rápidas da América Latina, de acordo com uma nova pesquisa[1] da empresa de análise Opensignal, em parceria com a equipe de espectro da GSMA.

Embora a tecnologia 5G esteja avançando na região, o desempenho da rede difere consideravelmente de país para país e as diferenças podem ser atribuídas à disponibilidade de espectro. As velocidades de download aumentam quase linearmente com a quantidade média de largura de faixa disponível. Os usuários no Brasil e no Uruguai se beneficiam das maiores quantidades de espectro 5G, resultando em algumas das velocidades de download mais rápidas da região, de acordo com a análise da Opensignal.

Velocidades de download 5G vs. largura de faixa por usuário

Fonte: Opensignal

No Brasil, a combinação do 5G standalone (5G SA) com a sua implantação na faixa de 3,5 GHz resultou em grandes melhorias de desempenho. Em média, as velocidades de download 5G no país são quase 11 vezes mais rápidas do que as da conectividade 4G. Essa melhoria é uma evidência dos benefícios perdidos pelos países que ainda não lançaram serviços de quinta geração.

O impacto positivo da autorização de grandes quantidades de espectro na faixa de 3,5 GHz também pode ser visto além da América Latina. Uma análise recente no mercado norte-americano, também conduzida pela Opensignal, mostra que uma maior capacidade de espectro aumenta a disponibilidade e o desempenho da banda larga fixa sem fio (FWA). O FWA tornou-se um dos fatores mais importantes para o maior crescimento da banda larga fixa (90%), pois atinge uma porcentagem de conexões nas áreas urbanas do país quase tão alta quanto nas áreas rurais.[2]

Países como Dinamarca, Finlândia e os Emirados Árabes Unidos (EAU) também estão colhendo os benefícios da faixas médias, já que autorizaram de 120 a 200 MHz por operadora na faixa de 3,5 GHz. Como resultado, os três países, juntamente com os EUA, estão entre os 10 mercados em mais alta posição no ranking do Índice de Conectividade 5G da GSMA Intelligence[3] , que leva em consideração diferentes atributos, como experiência de rede e disponibilidade de espectro.

O espectro de faixas médias tem sido o maior fator determinante para o sucesso do 5G e sua expansão futura. Até o final do primeiro trimestre de 2024, mais de 75% dos lançamentos de rede haviam feito uso da faixa de 3,5 GHz, e a análise também mostra que a maioria dos países da América Latina usa a faixa de 3,5 GHz para fornecer serviço 5G. As faixas médias são projetadas para fornecer a maior parte dos benefícios socioeconômicos do 5G[4], com um aumento de mais de US$ 610 bilhões no PIB global em 2030 (quase 65% do valor socioeconômico geral produzido pela tecnologia).

Apesar do atual impacto claro da faixa de 3,5 GHz, a disponibilidade de espectro deve ser um esforço contínuo: nenhum país pode se dar ao luxo de se acomodar. Em média, as redes móveis exigirão 2 GHz de espectro em faixas médias por país até 2030[5]. A disponibilidade adequada do espectro pode ajudar a alcançar o sucesso contínuo na América Latina e no resto do mundo. São necessários roadmaps para suprir a capacidade adicional de espectro e para alcançar o crescimento sustentável dos serviços móveis e fixos.

Se os países serão capazes de disponibilizar essa quantidade de espectro depende em grande parte do futuro da faixa de 6 GHz. No ano passado, a CMR-23 identificou a faixa de 6 GHz (6.425-7.125 GHz) para uso móvel por países em todas as regiões da UIT (EMEA, CEI, Américas e Ásia-Pacífico), e foram acordadas condições globais harmonizadas para seu uso nos Regulamentos de Rádio da UIT. Assim, uma população de bilhões de pessoas pode ser alcançada com cobertura móvel harmonizada em 6 GHz. Ela também serve como uma etapa crítica para os fabricantes no ecossistema de equipamentos em 6 GHz.

Portanto, os países que desejam estar à frente da curva ou alcançar seus vizinhos mais bem-sucedidos devem implementar as seguintes etapas:

  1. Garantir que as faixas médias existentes sejam totalmente alocadas às operadoras móveis, com neutralidade tecnológica, o que permitirá que sejam usadas para tecnologias mais recentes.
  • Disponibilizar a faixa de 3,3 a 3,8 GHz para serviços móveis.
  • Disponibilizar a faixa de 6 GHz na porção de 6,425-7,125 GHz para o serviço móvel pessoal com limite de potência de macrocélulas.

[1] https://www.opensignal.com/2024/09/19/35ghz-spectrum-the-driving-force-behind-5g-experience-in-latam

[2] https://www.gsma.com/connectivity-for-good/spectrum/fwa-goes-beyond-the-unconnected-to-delivering-competition/

[3] https://data.gsmaintelligence.com/5g-index

[4] https://www.gsma.com/spectrum/wp-content/uploads/2022/02/mid-band-5G-spectrum-benefits.pdf

[5] https://www.gsma.com/connectivity-for-good/spectrum/gsma_resources/5g-mid-band-spectrum-needs-vision-2030/